quarta-feira, 7 de novembro de 2012

O que lhe cura...

    Essa semana estive com dor de garganta. Viajei a passeio na última quinta-feira à tarde, quando já dava indícios de que alguma coisa não estava muito bem. Sexta-feira tive febre e a garganta já estava "tinindo". Fui ao médico. Queria curar depressa para poder aproveitar o final de semana, brincar com a minha sobrinha, resgatar a disposição. Medicada, dormi o dia inteiro.
    Algumas vezes, durante o dia, me recolhia ao meu quarto, colocava as mãos sobre as minhas dores, fazia minha oração e entregava tudo para a Mãezinha do Céu! Aos poucos fui compreendendo um pouco melhor a inflamação. Desde pequena tenho crises de garganta. E justamente por isso, me questionava... "o que tem a curar por aqui???"
    O final de semana podia passar, eu poderia curtir a companhia da família com mais serenidade e em maior tranquilidade. Respeitar minha indisposição, afinal, um feriado precedeu o final de semana, eu teria tempo suficiente para me recuperar, aproveitando da forma que fosse possível.
    Retornando à cidade e aos meus compromissos diários parecia me faltar tempo para ficar "doente". As razões eram outras, mas eu precisava ficar boa! Resgatar a disposição, que, neste caso, seria bem mais difícil, pois disposição para brincar é mais fácil de se encontrar do que disposição para trabalhar quando estamos nos sentindo assim. Continuei com o medicamento (não se pode interromper o tratamento com antibióticos pois o organismo pode pegar resistência), mas não me sentia melhor. Aliás, nem sinais de melhora eu via. Com mais profundidade eu entreguei para Nossa Senhora. Sentei-me diante dela, fiz minhas orações, e novamente utilizei desse poderoso instrumento que Deus nos concedeu: nossas mãos.
    A correria das horas do dia e a emergência em me recuperar para cumprir com minhas obrigações contrastavam com a necessidade de silêncio para uma profunda experiência com Deus e de paciência para respeitar o tempo necessário para a compreensão da minha dor e para minha cura. O esforço era tremendo. Já havia chorado de dor, reclamado um pouco, rezado um tanto... Até voltei até a comer miojo, pois facilitava a ingestão.
    Segunda-feira o dia foi longo, terça bastante corrido e na quarta-feira (hoje) a dor de garganta ainda não havia passado, mesmo sob tratamento com antibióticos há 5 dias. Para completar, uma forte alergia cobriu todo o meu rosto. Começou ao meio dia de hoje, e à tardinha nem pancake somado a um pó compacto resolveria a situação!
    Sei que fui parar no pronto-atendimento do Hospital Santo Ângelo às 17 horas. Fui a primeira a chegar. Depois de mim, começou um tumulto tão grande de pessoas chegando que não parecia o mesmo hospital. Idosos, crianças acompanhadas de mães zelosas e preocupadas, homens, mulheres, de todas as idades. Deram entrada no hospital, inclusive, vítimas de um acidente de trânsito, vindo de São Borja. A maioria, ao que me pareceu, era de Caxias do Sul.
    No hospital, agora eles tem um procedimento que eles chamam de "acolhimento" (nome que já nos faz sentir mesmo "acolhidos").
    No acolhimento, primeiramente, uma técnica em enfermagem verifica seus sinais vitais, pressão e temperatura. A moça que me atendeu hoje era muito simpática, e antes de qualquer procedimento se apresentou com um bonito sorriso. Seguindo o "acolhimento" aguardamos nossa chamada em uma salinha, para, então, passarmos por uma entrevista com uma enfermeira, que pergunta sobre o que estamos sentindo e nos "cataloga" por cores, dependendo da gravidade da situação. Ela colocou em meu pulso uma pulseirinha azul, como aquelas que colocam na balada para quem é "VIP", que, obviamente, correspondia à menos urgente das situações.
    Foram 3 horas de espera. Para minha felicidade, a mesma Senhora, com quem já havia conversado em meu quarto, me acompanhava em minha carteira: Nossa Senhora de Schoënstatt.
    Olhando para Ela, em meio àquela situação, me pus a rezar. Tive a oportunidade de sorrir para algumas pessoas que estavam cabisbaixas, brincar com uma criança que esperava, para passar o tempo, ouvir com atenção uma senhora com reumatismo, artrite e artrose, conversar com a mãe de uma ex-catequizanda, e até cuidar as bolsas de uma mulher bastante preocupada que estava acompanhando as pessoas que sofreram o acidente de carro indo para São Borja.
    Confesso que me senti encabulada por estar naquele lugar, esperando atendimento, com tantas coisas mais graves do que uma dor de garganta agravada por uma forte alergia. Esperei até as 20 horas, mas queria mesmo era ser a última a ser atendida. Quando eu entrei no consultório ainda haviam crianças e idosos esperando e tudo parecia mais grave do que eu estava sentindo.
    Não contive a emoção. Entrei para falar com o médico e comecei a chorar. Tive que respirar para conter a emoção. Justifiquei com a dor de garganta e a alergia, mas eram também tantas outras coisas, tantas outras dores, que não somente minhas... Foi a minha cura!
    Ter ajudado, ainda que de maneira muito singela cada pessoa que dividiu aquela sala de hospital ao meu lado, com um sorriso, um olhar... Foi assim que pude, verdadeiramente, ENTREGAR minhas dores à Nossa Senhora. E perceber, ainda, as mesmas pessoas para quem eu sorria me ajudando da mesma forma, foi especial! Entreguei, então, a dor de cada uma daquelas pessoas que estavam no hospital à Ela! A emoção continuou a fluir mesmo depois de ter deixado o hospital, com mais medicamentos, agora para tratar também a alergia e um atestado de 04 dias! Tantas curas que em nada tinham a ver com a minha dor física... Por isso resolvi vir aqui... dividir com vocês!
    Para que possamos ser GRATOS pela vida, pela nossa saúde e bem estar. Para que não percamos nunca a capacidade de nos sensibilizarmos com as dores humanas. Para que possamos ajudar uns aos outros nos momentos de dificuldade. Para que possamos almejar ser pessoas melhores. E para que nunca nos falte a fé! Pois mesmo quando ninguém é por nós, tem alguém, lá em cima, que em momento algum tira seus olhos de mim, e nem de você! Facilita nós O ajudarmos e também olharmos uns pelos outros...
    Para completar a história, acabo de receber uma ligação. E após um breve relato dos fatos uma pergunta intrigante, cuja resposta foi ainda mais intrigante... "P: Como você está se sentindo? R: Bem! Agora... Bem! Graças à Deus."

Quero deixar o meu abraço à todos os profissionais da área da saúde, ou que trabalham em serviços administrativos em hospitais ou consultórios. Muito obrigada pelo trabalho de cada um de vocês. Mas, principalmente, pela atenção e alegria com que nos recebem! =*)

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