terça-feira, 27 de novembro de 2012

Escritos sobre fé... *

    Ainda me recordo do tempo em que adentrava em uma igreja e o coração apertava. Não compreendia muito bem a sensação, mas enquanto ainda não havia reencontrado a minha fé, o sentimento era o mesmo: de estar entrando na casa de um estranho, um completo desconhecido.
    Esse “desconhecido” aos poucos foi se aproximando, e eu passei a ter a impressão de que já o conhecia de algum lugar. Com a intimidade, passei a frequentar mais a sua casa, e a certeza de que Ele sempre esteve comigo foi crescendo cada vez mais... Até que O reconheci em muitas de minhas lembranças de quando era criança.
    Lembro perfeitamente de nossa primeira conversa. Foi quando eu tinha aproximadamente 2 anos e meio de idade – talvez essa seja a primeira de minhas lembranças concretas, inclusive. Fui presenteada com um filhote de pastor alemão, ainda muito pequeno, que foi atacado por uma cadelinha um tanto braba que tínhamos na época. Os ferimentos eram profundos. Fiquei preocupada e chorei bastante, até que eu e minha irmã o colocamos sobre uma mesa, dobramos os joelhos, e começamos a rezar! E essa recordação é um de meus tesouros mais preciosos. A impressão que tenho, e prefiro guardá-la assim, como um milagre, é de que, quando abri os olhos, ele estava completamente curado. Tanto que logo voltamos a brincar com ele.
    A fé age mais ou menos assim. Essa palavrinha pequena tem valor tão profundo que não há como descrevê-la! Dizem que ela pode até transportar montanhas. É como uma brisa suave, que não tocamos e tampouco vemos, podemos apenas sentir! Trata-se de um mistério que não cabe a nós compreender, ela não carece de cientificidade, apenas um coração aberto onde possa repousar.
    É uma decisão diária de seguir um caminho estreito, onde muitas vezes tropeçamos, nos desanimamos, mas, sobretudo, um caminho recompensado com a paz que vem do céu. Pode acontecer como uma Graça de Deus, que independe de nossos esforços, mas encontra passos seguros na prática de virtudes e preceitos preciosos! Mas como fazer desabrochar em nosso jardim flores que nos tragam a fragrância de Deus?
    A prática espiritual através da oração, meditação, contemplação ou devoção são o adubo desse solo que carregamos em nossos corações. As flores são os nossos pensamentos e palavras, atos e omissões. “Assim, toda árvore boa produz bons frutos; porém a árvore má produz frutos maus. Uma árvore boa não pode dar maus frutos; nem uma árvore má dar frutos bons.” (Mt. 7, 17-18)
Amor, bondade, inocência, simplicidade, humildade, confiança, alegria, compaixão, esforço, equanimidade, prudência, silêncio, misericórdia, verdade, perdão, são apenas algumas das flores que podemos cultivar, extirpando o mato do ódio, maldade, ignorância, arrogância, apego, tristeza, falsidade, infidelidade, ciúme, desconfiança, falta de atenção, impaciência, mentira e mágoa, para que o perfume de Deus possa se propagar e se fazer sentir em todas as nossas relações. Uma doce Senhora sempre me ajuda a cultivar minhas flores. Ela chama-se Maria, ou Nossa Senhora, cuja pureza sempre me inspira à cuidar de meu jardim com zelo e muito amor, afinal Seu Filho merece as mais belas flores. O exemplo de Maria de Nazaré é seguro caminho para a perfeição, com ela, certamente as flores hão de desabrochar em seu jardim. Basta querer, basta tentar!

Red Poppies at Argenteuil (Claude Monet)

* Texto publicado na coluna semanal de Kelly C. Meller, no Jornal O Mensageiro de 24 de novembro de 2012 (sábado).



segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Ainda sobre crianças... e alegrias!


Queria ter encontrado meus álbuns de fotografia de quando era criança antes de começar essas linhas, a fim de recordar um pouquinho o sabor da infância. Infelizmente, não foi possível. Não os encontrei! Mas ao olhar para o mural que existe na parede, sobre a mesa onde escrevo essas palavras, pude reviver muitas coisas que, além de sabor, trouxeram também o aroma, a doçura e todo o resto.
No mural, fotos de algumas das crianças que enfeitam a minha vida, uma foto em que eu tinha mais ou menos 4 anos de idade e outras fotos minhas, já adulta, um tanto infantis, acompanhada de amigas e família. Mas não compreendam pejorativamente a expressão. São fotos em que, mesmo adulta, me permiti ser criança. As fotos mostram uma pessoa em torno dos seus 27 anos, brincando, vestindo um chapéu engraçado, fantasiada, e até de olhas e bigodes de coelho, na última páscoa. Em todas elas, o melhor de mim: meu lado criança. As fotos traduzem uma alegria que gostaria de carregar sempre comigo e que todos deveríamos resgatar diariamente.
Pois as coisas infantis não são tolas. Pelo contrário! A graça infantil corresponde àquilo que é pouco complicado, que é puro e fácil. E nada mais sábio do que isso! Não é à toa que Jesus nos ensina que devemos nos tornar como crianças para entraremos no Reino dos Céus.
Mas confesso que hoje, especialmente, ficou mais fácil escrever sobre isso, pois no final de semana que passou convivi com uma criança encantadora, que me deixou com muita ternura no coração. Por isso é que, assim como o texto, a alegria parece fluir em sorrisos largos, só de recordar. Não tinha comprado nenhum presente, nenhum brinquedo para ela... Não precisou! Algumas tiaras com anteninhas que encontrei em casa foram suficientes para divertí-la por um bom tempo... Mas o que ela gostou mesmo foi de pegar estrelinhas no céu para que pudéssemos brilhar, assim como as estrelas! Assim ela iluminou também o meu coração!
Ainda não tenho filhos, mas curto e compartilho os filhos de pessoas que fazem parte da minha vida – para além do facebook. Eles me trazem FELICIDADE. Sobre isso comentava com uma amiga: crianças são sorrisos de Deus em meio ao mundo, e, por isso, nos fazem sorrir. Aliás, cuidado! Se o seu coração não afrouxa diante do sorriso ou olhar de uma criança, é porque ele anda com mais nós apertados e sufocantes do que laços suavemente carinhosos...
Minha amiga também mencionou comigo que certo dia ela percebeu pessoas no trânsito, que antes estavam bastante sisudas, sorrindo com as brincadeiras de sua filha na calçada. Tantas lições a aprender... Se deixássemos cada pessoa com quem convivemos com a alegria com que nos proporciona uma criança, com certeza a vida seria mais fácil, a rotina mais leve e os dias mais doces. Aliás, minhas amigas me deixaram assim no sábado, foi ótimo! Não precisamos nada além de uma pizza, um brinde, em casa, de pés descalços, atiradas sobre um sofá! Assim que esse anjinho com quem convivi esse final de semana foi pegando no sono, enquanto acariciava a minha orelha de um lado, e da mãe dela de outro!
A fotografia, de certo modo, nos permite esse mesmo resgate. Faz com que nos recordemos de nossas experiências, que revivamos momentos mas, sobretudo – quando nos colocamos a contemplar aquelas imagens já amareladas –, nos faz lembrar que todo ser humano já foi uma criança cheia de esperanças, e que sabia, como em nenhuma outra fase de sua vida, ser FELIZ.
O adulto de hoje, ocupado demais com seus compromissos, quando criança, já interrompeu o gostoso soninho da manhã só para ver o episódio do pica-pau na televisão. A mãe de família não coloca açúcar na mamadeira do filho por diversas razões, mas gostava mesmo de seu leite bem docinho e achocolatado, se possível. O padre já soltou pipa e a madre já brincou de amarelinha. A professora já aprontou das suas, já trocou papel de carta. Minha irmã, por exemplo, adorava ser co-pilota de um helicóptero imaginário que, em verdade, não passava de uma árvore de sinamomo. Eu colocava todos meus ursinhos para dormir, os cobria, mas não dormia abraçada com nenhum! Contudo não resistia... Sussurrava baixinho no ouvido do meu "favorito" que gostaria muito de dormir abraçadinha com ele, mas que não o faria pois os outros poderiam ficar sentidos! 
Reencontrar a nossa criança interior, permitir-se brincar, rir, manter-se puro pode auxiliar no caminho... Nos deixarmos cativar pela ingenuidade dos sorrisos e a inocência dos olhares desses pequeninos, que em tantos aspectos são imensamente maiores do que nós, adultos, também!
Ah... Obrigada Lu, Jú e Rafinha pela noite de sábado maravilhosa!

quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Be happy with the hapiness!

     Já faz algum tempo que não experimentava desejar felicidade para alguém com tanta profundidade! Independentemente dos efeitos colaterais que isso pudesse causar em meu próprio coração. Me recordo de ter sentido isso muitas vezes, mas algumas em especial...
     Lembro-me da vez em que me despedi de uma grande amiga no aeroporto de Porto Alegre, que embarcava para os Estados Unidos por tempo indeterminado. Ainda me recordo da dor que meu coração sentiu num misto de felicidade pela concretização de um sonho que há anos ela carregava consigo. Queria encontrar a foto que tiramos naquele dia, pois talvez traduzisse muito bem o momento. Olhos e nariz vermelhos e inchados de chorar, mas um grande sorriso no rosto!
     Sentimento parecido foi a gravidez de outra grande amiga, com quem dividi bons momentos de minha adolescência. Apesar de não convivermos muito, e eu ter visto a filha dela apenas uma vez, minha felicidade foi tão grande pela sua felicidade que é difícil traduzir em palavras. Ela ficou ainda mais bonita como mãe! Acompanho de longe, mas sempre me alegro com as alegrias que o sorriso da Rafa proporciona à ela e sua família, que também quero muito bem... Aliás... outras duas recentes notícias de gravidez também me causaram o mesmo sentimento! Nem sempre consigo dividir bons momentos com essas pessoas, mas compartilhei de sua felicidade com a notícia!
     E por falar em crianças, quantas alegrias me proporcionam os pequenos Valentina, Francesco, Léo, Alícia, Sofia, Shereen... Mas quanta saudade também! Posso dizer que distância que nos separa é diretamente proporcional ao amor que os tenho e a felicidade que trazem ao meu coração!
     E o que dizer da felicidade que senti quando minha melhor amiga encontrou o amor de verdade depois de algum tempo um tanto "desacreditada"? Ops, essa história, felizmente, serve para mais de uma amiga.  Amiga-irmã e amiga-colega de trabalho! O noivado daquela foi uma alegria só! Escutar e cantar algumas músicas que irão embalar o casamento então... Sem descrição! De outra parte, ver o sorriso de minha colega de trabalho também não tem preço. Tudo por conta do amor com que Deus a presenteou, que, por sinal, é mesmo um amor! Já não convivemos quanto convivíamos há tempos atrás, nossos amores tomam muito do nosso tempo, mas multiplicou-se a minha alegria pela alegria de cada uma delas.

     Felicidade é ver quem a gente ama FELIZ! É uma experiência de desapego tão grande que pode até causar certa estranheza. Quero mesmo é que hajam motivos para que aqueles que amo sejam FELIZES, se eu puder fazer parte disso, ótimo! Se compartilhar à distância, bom também! Se eu não tiver "nada a ver com o pastel", ficarei feliz da mesma forma! Assim quero ser! Poder me alegrar com a alegria dos que me cercam! Ser motivo de alegria para alguns deles, e nunca motivo de tristeza! Isso pois o mal que fazemos aos outros é o mal que fazemos ao nosso próprio coração! Lições diárias de aprendizado, na busca incessante por ser um pouquinho melhor... Feliz de quem, assim como eu, sempre tem alguém por perto para lhe recordar das lições do Mestre!
    Depois de um dia ruim, em que não consegui viver uma alegria especial na vida de alguém ainda mais especial, ficou essa lição marcada em meu coração: não vale à pena se não for para ser feliz, para tornar a vida um do outro mais feliz, o caminho menos árduo e o fardo mais leve... Por isso desejo FELICIDADE... assim como liberdade para ser feliz! Profunda e sinceramente. Enquanto pudermos cativar corações para a alegria, abrace! Se, contudo, contagiarmos para a infelicidade, subitamente se afaste! And be happy! =*)

"A alegria abre, a tristeza fecha o coração."
(São Francisco de Sales)

Simples assim!

quarta-feira, 7 de novembro de 2012

O que lhe cura...

    Essa semana estive com dor de garganta. Viajei a passeio na última quinta-feira à tarde, quando já dava indícios de que alguma coisa não estava muito bem. Sexta-feira tive febre e a garganta já estava "tinindo". Fui ao médico. Queria curar depressa para poder aproveitar o final de semana, brincar com a minha sobrinha, resgatar a disposição. Medicada, dormi o dia inteiro.
    Algumas vezes, durante o dia, me recolhia ao meu quarto, colocava as mãos sobre as minhas dores, fazia minha oração e entregava tudo para a Mãezinha do Céu! Aos poucos fui compreendendo um pouco melhor a inflamação. Desde pequena tenho crises de garganta. E justamente por isso, me questionava... "o que tem a curar por aqui???"
    O final de semana podia passar, eu poderia curtir a companhia da família com mais serenidade e em maior tranquilidade. Respeitar minha indisposição, afinal, um feriado precedeu o final de semana, eu teria tempo suficiente para me recuperar, aproveitando da forma que fosse possível.
    Retornando à cidade e aos meus compromissos diários parecia me faltar tempo para ficar "doente". As razões eram outras, mas eu precisava ficar boa! Resgatar a disposição, que, neste caso, seria bem mais difícil, pois disposição para brincar é mais fácil de se encontrar do que disposição para trabalhar quando estamos nos sentindo assim. Continuei com o medicamento (não se pode interromper o tratamento com antibióticos pois o organismo pode pegar resistência), mas não me sentia melhor. Aliás, nem sinais de melhora eu via. Com mais profundidade eu entreguei para Nossa Senhora. Sentei-me diante dela, fiz minhas orações, e novamente utilizei desse poderoso instrumento que Deus nos concedeu: nossas mãos.
    A correria das horas do dia e a emergência em me recuperar para cumprir com minhas obrigações contrastavam com a necessidade de silêncio para uma profunda experiência com Deus e de paciência para respeitar o tempo necessário para a compreensão da minha dor e para minha cura. O esforço era tremendo. Já havia chorado de dor, reclamado um pouco, rezado um tanto... Até voltei até a comer miojo, pois facilitava a ingestão.
    Segunda-feira o dia foi longo, terça bastante corrido e na quarta-feira (hoje) a dor de garganta ainda não havia passado, mesmo sob tratamento com antibióticos há 5 dias. Para completar, uma forte alergia cobriu todo o meu rosto. Começou ao meio dia de hoje, e à tardinha nem pancake somado a um pó compacto resolveria a situação!
    Sei que fui parar no pronto-atendimento do Hospital Santo Ângelo às 17 horas. Fui a primeira a chegar. Depois de mim, começou um tumulto tão grande de pessoas chegando que não parecia o mesmo hospital. Idosos, crianças acompanhadas de mães zelosas e preocupadas, homens, mulheres, de todas as idades. Deram entrada no hospital, inclusive, vítimas de um acidente de trânsito, vindo de São Borja. A maioria, ao que me pareceu, era de Caxias do Sul.
    No hospital, agora eles tem um procedimento que eles chamam de "acolhimento" (nome que já nos faz sentir mesmo "acolhidos").
    No acolhimento, primeiramente, uma técnica em enfermagem verifica seus sinais vitais, pressão e temperatura. A moça que me atendeu hoje era muito simpática, e antes de qualquer procedimento se apresentou com um bonito sorriso. Seguindo o "acolhimento" aguardamos nossa chamada em uma salinha, para, então, passarmos por uma entrevista com uma enfermeira, que pergunta sobre o que estamos sentindo e nos "cataloga" por cores, dependendo da gravidade da situação. Ela colocou em meu pulso uma pulseirinha azul, como aquelas que colocam na balada para quem é "VIP", que, obviamente, correspondia à menos urgente das situações.
    Foram 3 horas de espera. Para minha felicidade, a mesma Senhora, com quem já havia conversado em meu quarto, me acompanhava em minha carteira: Nossa Senhora de Schoënstatt.
    Olhando para Ela, em meio àquela situação, me pus a rezar. Tive a oportunidade de sorrir para algumas pessoas que estavam cabisbaixas, brincar com uma criança que esperava, para passar o tempo, ouvir com atenção uma senhora com reumatismo, artrite e artrose, conversar com a mãe de uma ex-catequizanda, e até cuidar as bolsas de uma mulher bastante preocupada que estava acompanhando as pessoas que sofreram o acidente de carro indo para São Borja.
    Confesso que me senti encabulada por estar naquele lugar, esperando atendimento, com tantas coisas mais graves do que uma dor de garganta agravada por uma forte alergia. Esperei até as 20 horas, mas queria mesmo era ser a última a ser atendida. Quando eu entrei no consultório ainda haviam crianças e idosos esperando e tudo parecia mais grave do que eu estava sentindo.
    Não contive a emoção. Entrei para falar com o médico e comecei a chorar. Tive que respirar para conter a emoção. Justifiquei com a dor de garganta e a alergia, mas eram também tantas outras coisas, tantas outras dores, que não somente minhas... Foi a minha cura!
    Ter ajudado, ainda que de maneira muito singela cada pessoa que dividiu aquela sala de hospital ao meu lado, com um sorriso, um olhar... Foi assim que pude, verdadeiramente, ENTREGAR minhas dores à Nossa Senhora. E perceber, ainda, as mesmas pessoas para quem eu sorria me ajudando da mesma forma, foi especial! Entreguei, então, a dor de cada uma daquelas pessoas que estavam no hospital à Ela! A emoção continuou a fluir mesmo depois de ter deixado o hospital, com mais medicamentos, agora para tratar também a alergia e um atestado de 04 dias! Tantas curas que em nada tinham a ver com a minha dor física... Por isso resolvi vir aqui... dividir com vocês!
    Para que possamos ser GRATOS pela vida, pela nossa saúde e bem estar. Para que não percamos nunca a capacidade de nos sensibilizarmos com as dores humanas. Para que possamos ajudar uns aos outros nos momentos de dificuldade. Para que possamos almejar ser pessoas melhores. E para que nunca nos falte a fé! Pois mesmo quando ninguém é por nós, tem alguém, lá em cima, que em momento algum tira seus olhos de mim, e nem de você! Facilita nós O ajudarmos e também olharmos uns pelos outros...
    Para completar a história, acabo de receber uma ligação. E após um breve relato dos fatos uma pergunta intrigante, cuja resposta foi ainda mais intrigante... "P: Como você está se sentindo? R: Bem! Agora... Bem! Graças à Deus."

Quero deixar o meu abraço à todos os profissionais da área da saúde, ou que trabalham em serviços administrativos em hospitais ou consultórios. Muito obrigada pelo trabalho de cada um de vocês. Mas, principalmente, pela atenção e alegria com que nos recebem! =*)

domingo, 4 de novembro de 2012

Sobre amor e geometria...

    Ontem fiquei impressionada com algo com que me deparei... Pode parecer futilidade, mas serve bem escrever sobre isso com sobriedade! Percebi que em praticamente todas as novelas da globo o enredo gira em torno não de um casal, mas de um triângulo amoroso! Tudo bem que há quem diga que toda forma de amor vale à pena, mas na forma de um triângulo, eu, particularmente, acho que não vale não.
    Me perdoem a falta de informação, não saberei dizer o nome dos personagens envolvidos em cada trama, mas sei que desde malhação, até o horário nobre têm triângulo amoroso, ah... isso TÊM!
    Mas quem nessa vida já não fez algo do que se envergonhe? Poderia chamar de arrependimento, se bons frutos não tivessem vingado desses passos em falso! Afinal... quanto aprendizado! Porém quando a gente recobre a responsabilidade pelo próximo, esse fardo fica muito pesado. Digo isso pois já me envolvi em triângulo amoroso sabendo dessa "condição", e até hoje não sei qual foi a extensão do dano no coração de cada um dos envolvidos, e vendo por este lado, me arrependo sim!
    Tudo isso pois uma coisa me parece certa: alguém sempre sai machucado! Ainda assim, há quem se deixe envolver, há também quem deixa que consigo se envolva, e há também quem goste de um rebuliço, como diria um bom gaúcho!
    É fácil escorregar em gentilezas que acabem por angularizar um triângulo perfeito! Afinal... Homens e mulheres parecem ser universos tão diferentes... Cada ser humano o é! Quanto mais de gêneros diferentes! Os homens não compreendem muito bem a simpatia que nos é característica, confundem bastante. Já as mulheres, não são acostumadas com homens muito gentis, o que também gera confusão a qualquer sinal de cavalheirismo. Acho que não há medida recomendável para essas "simpatias" e "cavalheirismos", ao mesmo tempo que acredito que um mundo mais gentil e amoroso seria uma grande evolução, caso não houvesse malícia ou maldade que manchassem as boas ações!
    Estou em um relacionamento sério já há algum tempo, e procuro me portar com discrição com relação à outras pessoas. Tento dosar o bom tratamento com o respeito que tenho pelo meu companheiro. Mas isso após uma profunda conversão de VALORES. Simplesmente porque almejo a perfeição para o meu par, assim como, e principalmente, aos olhos de Deus, ainda que tenha consciência de que estou muito longe disso...
    A qualquer sinal de angularização de um triângulo, por mais inocente que possa parecer, pulo fora! Não dou conta disso, não quero que ninguém se envolva comigo enquanto meu coração está comprometido e ocupado! Também não tenho interesse de deixar-me encantar por outra pessoa que não seja a pessoa que está ao meu lado... Pois isso não é difícil, o mundo está cheio de pessoas muito especiais, cheias de dons e qualidades que podemos admirar, sem nos deixarmos encantar e envolver...  Aquele com quem divido meus dias tem virtudes suficientes para ensinar-me, diariamente, a ser um pouquinho melhor.
    Algumas vezes somos meros espectadores da formação desses ângulos que formam um triângulo... Não sabemos ao certo como agir... Damos alguns sinais de insatisfação, mas também não podemos nos responsabilizar pela escolha do outro. É importante lembrar, contudo, que a grande maioria de nossas escolhas, importa em uma renúncia... 
    Certo é que um triângulo sufoca o coração e o melhor mesmo é deixar ele RESPIRAR! 
    Da minha parte, procuro valorizar o que tenho, ser grata pelas coisas como são e ser menos queixosa, e tenho muito o que melhorar nesse último quesito... Não idealizar a relação ou relações, e também "não ver chifre em cabeça de boi". Certas vezes a intuição fala tão alto que isso fica realmente difícil, mas, como dizem nossos camaradas Beatles... LET IT BE!
    De toda sorte, recomendo aos homens e mulheres, que antes de criarem expectativas, ou deixarem-se envolver, deem uma olhadinha discreta para as mãos da pessoa, seja na direita ou na esquerda, muitas vezes está estampada uma relação, então respeitem: a pessoa e aquela com quem esta tem uma relação. Ser responsável por um descaminho ou dificultar o caminho de alguém pode ser um fardo pesado! Não coloquem nada nas entrelinhas, apenas observem, até a saga Crepúsculo tentou engendrar um triângulo, mas o amor venceu e a amizade, por outro lado, prevaleceu!
    E para quem sofre com alguma dessas dores...