segunda-feira, 20 de julho de 2015

Minha melhor amiga é a minha irmã!

Algumas amizades nos trazem um sentimento muito especial. Pensar nelas é como pensar em um porto seguro, um lugar (ou, no caso, um alguém) onde (ou no colo de quem) o nosso coração sempre poderá repousar. Tenho alguns poucos amigos assim! Amigos que estão presentes em minhas perspectivas futuras, aconteça o que acontecer.
Confesso que eu sou mesmo uma pessoa que fica a pensar o que será dos próximos 3, 5, 10, 15 anos... Gosto de imaginar e sonhar, não de me preocupar (apesar de isso acontecer de vez em quando)! Nessas doces imaginações do meu futuro, alguns amigos muito especiais estão a enfeitar a minha casa, a compartilhar domingos e outros, ainda, a apadrinhar meus filhos (que, um dia, quem sabe... com a Graça de Deus, eu vou ter! Sonho e não preocupação, sonho e não preocupação, sonho e não preocupação! Ok, convencida!).
Tenho amigas que são como irmãs. MESMO! Mas não tenho (me perdoem meninas) nenhuma amiga como a minha irmã! Apesar de eu ter as melhores amigas possíveis e imagináveis (elas vão adorar ler isso e COM CERTEZA vão ficar envaidecidas), é a minha irmã quem tem todo o meu passado, é ela quem SEMPRE esteve comigo! SEMPRE MESMO! Tenho vontade de chorar só de lembrar todas as dificuldades que já superei com o seu apoio e amor! Tenho vontade de chorar ainda mais pelas dificuldades que ela já passou e que não soube ajudar o quanto ela me ajudou! Mas a minha vontade maior é de sorrir por contemplar a justiça de Deus em sua vida!!!
Não sei por quê razão ultimamente esse sentimento tem invadido a minha alma, em uma espécie de gratidão desmedida por tudo o que já vivemos! Nem sei se ela percebe, mas pareço estar mais intensa em nossa relação amiga-irmã! As briguinhas bobas continuam, contudo, sinto um misto de nostalgia e alegria só de pensar em tudo que já passamos juntas! Queria apenas ter sido melhor em alguns momentos, ter participado mais, ter estado mais presente do que ausente... Sei que em alguns momentos ela esperava mais de mim! E eu não soube ser melhor! Isso ainda acaba comigo! Como ela é muito generosa e tem um coração imenso, sempre disposto a perdoar, acabo não sentindo o peso desses meus pequenos pecados... Mas é fato, e eu lhe disse isso quando ela me entregou o seu buquê de casamento: tenho muito mais sorte do que ela, pois sou eu quem tem ela como irmã!
E eu a amo por muitas razões... Já dividimos o mesmo quarto, pedimos quartos separados e quando tivemos quarto separados gostávamos mesmo era de dormir juntas. Na minha infância fiquei babando vendo ela se arrumar para sair com as amigas, e tive o privilégio de, na adolescência, ter ela como minha maquiadora e personal stylist. Já viajamos juntas, nos perdemos mesmo com um mapa nas mãos, perdemos o voo, dormimos em um aeroporto gelado bem próximas uma da outra para não ficar tão frio... Rimos muito, choramos abraçadas e eu até já tive que sentar nos corredores das lojas em Londres esperando ela experimentar tudo o que queria. No final, eu sempre achava o que melhor lhe vestia e vice versa! Sempre foi assim! 
Ela protagonizou o milagre mais lindo que eu já presenciei em minha vida: tornar-se mãe! E eu não canso de recordar como isso aconteceu espontaneamente, tão naturalmente... Quando a Cecília nasceu ela simplesmente já sabia ser mãe e a Ceci a reconhecia assim e sabia ser sua filinha! Adoro recordar os primeiros momentos delas juntas! Meus grandes amores!
Por isso, nesse dia do amigo, quero deixar o meu abraço mais apertado para ELA! Minha irmã!!! Quem tem irmã sabe o que isso represente! Esse forte laço com o passado e certeza do futuro que se manifesta sempre presente, como um verdadeiro PRESENTE de Deus!

Feliz é quem tem num irmão um grande amigo!

quinta-feira, 16 de julho de 2015

Breves (bem breves) notas sobre o dia de ontem...

Ontem, e – por um desvirtuamento de minha parte – somente ontem, fiquei sabendo que no dia 15 de julho é celebrado, no Brasil, o dia do homem. Isso me fez questionar as razões pelas quais desde que eu “me conheço por gente” sei que no dia 08 de março se comemora o dia internacional da mulher, mas somente aos 30 anos de idade fiquei sabendo que dia 15 de julho é O DIA DO HOMEM!
Resolvi investigar e descobri que a data foi instituída na década de 90, depois, portanto, de eu “já me conhecer por gente”! OK, já é um bom motivo! Mas enquanto nós, mulheres, podemos elencar um numeroso rol de motivos para celebrarmos o dia internacional da mulher, surpreendeu-me que, na pesquisa virtual, um motivo em especial foi destacado no que se refere ao “dia do homem”: melhorar a saúde deles! Conscientizá-los para a importância de (pasmem!) cuidarem de si mesmos (principalmente no que se refere a câncer de próstata)! Nada que uma mãe, irmã, esposa ou namorada (mulher, mulher, mulher e mulher!) já não os tivesse alertado muitas vezes!
Mas essa não foi a única reflexão oportunizada pela data... Acabei por constatar que, enquanto são muitas as mulheres, de minha convivência, pelas quais eu TIRO O CHAPÉU, poucos são os homens pelos quais o mesmo chapéu sai da minha cabeça!
Meu pai e meu irmão, sem sombra de dúvidas, por um milhão de motivos!!! E alguns outros poucos, por diferentes razões! Contudo, ainda me resta a impressão de que eles sim são o sexo frágil! Não quero enfrentar dados e personalidades históricas, pois os homens serão em maior número lembrados... Mas apenas fazer um desabafo, pois me parece que, na pós-modernidade, mais do que nunca, são as mulheres que fazem a vida acontecer! Nas pequenas coisas, que são muitas, mas que mantém a casa – e o mundo – em ordem! O ideal seria que essa responsabilidade fosse igualmente dividida em todas as tarefas quotidianas e em todos os segmentos. Em todas as responsabilidades, sejam elas políticas, sociais, ou mesmo relacionadas ao lar! Fato é que as mulheres ainda ficam nos bastidores! E como se trabalha nos bastidores!!!

Não! Este não é um discurso feminista e discriminatório! Pelo menos essa não é a minha intenção! É que hoje acordei com uma alegria imensa por SER MULHER! Acordei orgulhosa dessa condição, um dia depois de celebrado o dia do homem! Afinal, cada uma de nós, por um motivo ou por outro, como diz a Rita Lee: “É MAIS MACHO QUE MUITO HOMEM!”

segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

Quem nunca!?


Dentre as inúmeras frases que viram febre nas redes sociais e conversas entre amigos, uma delas me fez refletir neste final e início de ano (poderia conjeturar sobre isso! Todo final importa em um novo começo – bem interessante!). “Quem nunca!?” me parece ser uma expressão que nos torna mais humanos e ao mesmo tempo mais tolerantes com os erros dos outros e com nossos próprios tropeços. Minimiza os julgamentos e acaba por colocar quem a pronuncia no seleto grupo de pessoas que se admitem falíveis – quando a pessoa realmente quer dizer isso.
Dia 12 de janeiro de 2015 e eu resolvi fazer algo que havia me proposto desde o final do ano de 2014: voltar a escrever! Afinal, “quem nunca!?” acabou adiando um pouco os planos e metas de ano novo? Tudo bem! Mas eu, particularmente, não podia mais adiar! O regime, para compensar os excessos cometidos no final de ano, eu já havia deixado para depois. O exercício físico? A mesma coisa! E assim fui deixando, uma coisa e outra para depois... “Quem nunca!?”
Ainda não tinha vivido a emoção e renovação do ano novo! Vi os fogos de artifício, tomei espumante, me vesti de branco, contudo ainda estava apegada ao ano que passou e as coisas que ficaram em 2014. 2015, por sua vez, estava dançando na minha cara um tanto desanimada de uma forma tão sedutora que resolvi lhe dar uma chance! Hoje! Na segunda segunda-feira do novo ano! Antes tarde do que nunca! Afinal, “quem nunca!?” 
Comecei limpando os cômodos, arrumando as gavetas, trocando os móveis de lugar, selecionei novas fotos para antigos porta-retratos, tudo para encarar o novo ano, para reformular os planos! Uma tentativa (ainda não desesperada) de reorganizar a vida, as emoções, de enxergar o horizonte, mesmo que para isso tivesse que ficar na ponta dos pés, em virtude dos meus singelos 158 centímetros de altura.
2015! O ano em que completo 30 anos começou diferente! Isso estava pra lá de evidente, e eu, que até me sentia contente em alguns momentos, em virtude das mudanças que a vida me proporcionara, me percebi a mesma! E ainda me questiono até que ponto isso pode ser positivo! Mais uma vez não havia feito metas e planos, nem a curto prazo, como listas esperançosas do que pretendia alcançar e resolvi mesmo não fazê-las! Vou é fazer uma lista das coisas que eu preciso mudar, do que eu preciso aprimorar em meu íntimo! Sei que é árduo trabalho sobre si mesmo, mas estou querendo investir nisso! Algo estilo Mahatma Gandhi: “Seja a mudança que você quer ver no mundo!” Afinal, o mundo e as pessoas não vão mudar por você! E “quem nunca” desejou que isso acontecesse, simplesmente porque parecia mais fácil? Não é! Pode até parecer, mas não é!
Por nós mesmos, verdadeiramente, somente nós mesmos e Deus! De nada vai adiantar a família e os amigos darem uma baita força se você não estiver a favor de você! Claro que todos eles tornam o caminhar mais doce, mas isso importa em uma séria e diária decisão pessoal de procurar ser melhor e mais feliz! Poderia recomendar algumas cápsulas que auxiliam nesse processo, como caridade e alegria, mas cada um sabe as virtudes que precisa praticar para a saúde do seu coração e de sua alma...
Nessa do “quem nunca!” quis mesmo saber o que EU NUNCA!? Não sou de chutar o balde – uma vez até colocaram um balde diante de mim para que, pelo menos literalmente, eu conseguisse “chutar o balde” e não funcionou! –, mas “quem nunca!?” Não sou de segurar o choro, mas “quem nunca!?”. Não sou de impor coisas ao meu coração que eu não sinto, mas EU NUNCA! Com meus sentimentos eu gosto mesmo de naturalidade, simplicidade! Não finjo, não escondo! Para que eu realize algo, primeiro isso tem que acontecer no meu interior. Não sei dar o que não tenho e nem tirar de mim algo que ainda quero, a vida que faça isso por si só!
Enfim percebi que EU NUNCA: pulei de pára-quedas, asa-delta ou algo parecido; mergulhei em águas profundas; briguei muito feio com alguém; deixei de falar com algum amigo por livre e espontânea vontade; me senti muito à vontade de biquíni; cantei sem ficar um pouco encabulada; me casei; tive um(a) filho(a) – a não ser a Filó, minha cachorrinha; consegui ler todos os livros que tenho... e um zilhão de outras coisas! Algumas eu prefiro dizer que EU AINDA NUNCA, e outros eu me proponho a TENTAR NUNCA...
Afora os “nunca’s” desse texto, espero apenas que eu, você e todo o resto do mundo possam, ao menos experimentar, um “para sempre”, desde que seja doce, desde que seja verdadeiro, desde que faça bem! Feliz ano novo!

sábado, 23 de agosto de 2014

Universo Feminino *

Mulheres, mulher, universo feminino! Eu sabia que poderia escrever sobre isso! Sabia que teria muitas coisas para dizer sobre tudo que envolve SER MULHER! Por isso preferi as palavras soltas a um poema sobre mulheres ou para nós, MULHERES! Não que eu vá dizer alguma coisa que tenha um significado melhor, mas simplesmente porque SOU MULHER, e adoro essa condição!
Uma condição que envolve tantos sentimentos que as letras do alfabeto não seriam suficientes para descrever... Alguns poetas ou poetizas bem conseguiram expressá-los! Mas... é como dizem... A letra é morta! É o espírito que vivifica!
E o que nosso espírito, nossa alma feminina verdadeiramente sente sobre essa condição? Tudo bem, quando cansada, pode dizer que não e fácil gerenciar tantas tarefas ao mesmo tempo... O lar, a profissão, o companheiro, os filhos, a educação destes, e ainda o salto alto, a maquiagem e os borrões que nossas dores nos causam! 
Mas... por outro lado, diria a nossa alma feminina que é muito bom ser mulher! E bendiria a Deus por essa oportunidade!
Meu companheiro um dia me chamou a atenção sobre algo que eu não entenderia, justaente por SER  mulher... não me recordo exatamente a o que ele se referia! Lembro da minha resposta e de minha "vitoria" no diálogo... Disse-lhe eu: "e você nunca vai saber o que é ter um bebê, nunca vai saber o que significa gerar uma vida." Entre gargalhadas ele se deu por conta que eu tinha mesmo razão!
E essa é apenas uma, de nossas inúmeras dadivas oportunizadas por essa condição de SER MULHER! São muitas, e não cabe aqui enúmera-las. Cada uma de nós, particularmente, deve ter suas próprias vitórias e conquistas que, por mais que dividamos com nossos parceiros, estes jamais poderão saber o verdadeiro sabor! O real valor!
De um jeito ou de outro, dentre essas coisas que fazem valer à pena ser mulher estão as nossas lutas e labutas! Quão valiosas elas são! É fácil para o forte ser forte! Agora... o sexo, dito frágil, fortalecer-se em meio a repressões e desvalorizações, tem outro sabor! Orgulho-me também disso! E tenho dito!
São Marias, Joanas, Luanas! Não é a toa que os homens gostam tanto de fantasiar-se de mulheres! Toni Ramos bem que tentou incorporar a Gloria Pires, e se saiu muito bem em seus trejeitos... Mas enquanto eles tentam, nos somos! Com grande facilidade! Somos, sentimos, vivemos! E sapateamos e dançamos com a musica que tocar! E até somos capazes de nos deixar encantar pela dança um tanto sem jeito de nossos descompassados maridos. Porque sabemos que enquanto eles querem ser águias fortes e vorazes, nós nos contentamos, e até preferimos ser esbeltas e leves em voo como as garças ou pássaros menores... Andorinhas talvez!
Que rodopiam em ventos fortes e alegram o céu mesmo em dias chuvosos, mesmo em meio à  tempestades! Que alegram um céu de tempestades com amor, docialidade, garra, força, coragem e sensibilidade!
Que os debates de hoje sejam tão fecundos como a nossa intimidade...
Que as contribuições sejam tão grandiosas quando a nossa capacidade de doação...
E, sobretudo, que todos os dias de nossas vidas possamos SER mulher e tudo o mas que esse infinito nos diz e até contradiz!
Que as reflexões sejam convertidas em ações, e que o amor, como em um coração de uma mulher, sempre prevaleça! 
Amém!
Mulher, mulheres, universo feminino... eu sabia que poderia escrever sobre isso, mas eu agora me corrijo... achava que sabia, mas em verdade não tinha ideia de que teria mesmo tantas coisas para dizer... Então, eu vou deixar que por outras mulheres sejam ditas!

* Texto elaborado especialmente para um Evento realizado na URI, em parceria com a Prefeitura Municipal de Santo Ângelo, em comemoração ao dia internacional da mulher. Leitura realizada na abertura do evento.


terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Um pouco do "Samuka" *



     Como vocês já sabem, a Revista Vick Almeida – Criança, além de trazer imagens de bebês e crianças, procura presentear seu público com histórias que possam, de alguma forma, deixar um sorriso no rosto de cada leitor, e, na alma, a alegria de ser criança, ou de ter a oportunidade simplesmente de conviver com esses seres humanos incríveis que elas são.
     Nessa edição escolhemos uma história muito especial para contar a vocês. É a história de Samuel Menezes Trennephol, um menino lindo, de 12 anos de idade, filho de Rosane Neto de Menezes e Rui Carlos Trennephol, que me foi contada por sua mãe, Rosane, numa bonita manhã de terça-feira.
     Rosane tem um sorriso doce, um olhar sereno, e todas as demais características de uma pessoa que parece ser bastante tranquila, de felicidade sutil, porém plena. Ela mesma me garantiu, contudo, que não seria a pessoa que é hoje, se não fosse o Samuel, ou “Samuka”, como consta em seu perfil no facebook. Aliás, quando ela fala do Samuel, seu rosto se transforma completamente. A alegria é estonteante!
     Em nossa conversa, Rosane me relatou que a partir dos 04 meses de vida do Samuel, a família percebeu que ele era diferente das outras crianças. Não possuía a mesma firmeza dos outros bebês. Após muita investigação, o diagnóstico, aos 07 meses de idade: paralisia cerebral, decorrente de uma má formação durante a gestação.
     Rosane não escondeu a dificuldade, principalmente nos primeiros meses após a descoberta da doença de Samuel. Confessou ter ficado “sem chão”, e que tinha vezes que queria mesmo era “acordar” daquele sofrimento, pois não sabia se estava preparada para enfrentar o que viria pela frente.
     Quando a questionei sobre onde buscou forças para enfrentar a situação, mais uma prova de sua simplicidade e confiança: “Fui deixando as coisas acontecerem...” Rosane, Rui e Samuel deram espaço para a vida acontecer, para que ela se manifestasse ao seu tempo e da forma que bem entendesse, sem permitir que lhes fosse suprimido o tesouro da esperança e da fé.
     E a vida aconteceu! Não se deixaram desanimar diante da opinião de alguns médicos, bastante pessimistas, pelo contrario, buscaram outros profissionais que, assim como eles, ACREDITASSEM no Samuel.
     Por isso o que mais me impressionou em seu relato e na experiência de vida dessa família foi a força e esperança com que enfrentaram os desafios. A família não fez de sua história uma obra dramática e tampouco uma história de super-heróis, mas simplesmente uma história, como tantas outras que encontramos vida afora. Apesar disso, não posso deixar de mencionar a capacidade de superação de cada um dos envolvidos, principalmente do Samuel, que parece sempre surpreender!
     Rosane foi bem clara ao dizer que uma experiência como essa muda a vida de uma pessoa: “Passei a dar valor a coisas que antes não dava, e também dar menos valor à outras que não tinham tanta importância.”
     Samuel hoje é uma criança que está no sexto ano do ensino fundamental no colégio Missões, que convive muito bem com as outras crianças, é aceito e acolhido por elas, pois, nas palavras de Rosane, “A criança não tem o preconceito que o adulto tem!” Beirando a pré-adolescência, tem seus próprios interesses, gostos e sonhos. Adora inglês e computadores, e, segundo suas professoras, poderia ser o primeiro da classe se gostasse mesmo de estudar!
     Já quis ser jogador de futebol, locutor de rádio para narrar as partidas de maneira emocionante, e está sempre em mutação, como toda criança e adolescente. Aqui, um diferencial em sua educação: nunca lhe foi dito que ele não poderia realizar os seus sonhos (!!!). Fica acordado até tarde, acompanhando o programa “Ídolos” com a família, e no outro dia também tem dificuldade de acordar (alguma semelhança?!). Gosta de jogos de computador e de humor no facebook. Já fez até um site na internet, com a ajuda de aulas práticas publicadas no site do you tube. Samuel é igual a qualquer ser humano, porém diferente, como todos nós somos!
     Tem um melhor amigo que se chama Alan, que sempre o visita e adora estar em sua companhia. Rosane manifestou especial estima e gratidão ao Alan, pois enquanto poderia estar correndo, brincando, jogando futebol, ele deu jeito de viver suas afinidades com seu amigo Samuel, dentro das suas possibilidades. “É uma amizade muito verdadeira!” Lições de altruísmo em plena infância!
     Com o passar dos minutos no relógio, quanto mais a conversa fluía, mais crescia em mim a vontade de conhecê-lo. Já podia imaginar como ele era... Uma criança otimista, doce, e imensamente forte em suas fragilidades.
    Quando fomos ao seu encontro, a primeira coisa que vi foram as suas dificuldades. Mas preciso ponderar, ele é mais bonito do que eu poderia imaginar! Samuel é cadeirante e tem dificuldade na fala, mas se comunica de muitas formas (utiliza um computador em sala de aula para comunicar-se e aprender). Ele sorriu e foi o meu coração que se alegrou. Prontamente agradeci em pensamento por ter tido a oportunidade de conhecer o Samuel para além de suas limitações. Já sabia de suas superações e quantas batalhas havia vencido.
     A imagem, aparentemente frágil, transformou-se, como que em um piscar de olhos, em uma fortaleza de força de vontade e coragem! Logo me pus a imaginar quantas histórias como a dele não haviam naquele lugar. Samuel estava na Escola de Educação Especial Raio de Sol – APAE de Santo Ângelo, onde realiza diversas atividades, como terapia ocupacional, fonoaudiologia e fisioterapia.
     Foi o suficiente para mudar não apenas o meu dia, mas todo o meu viver, com toda certeza. Simplesmente porque me deixei cativar e abri o meu coração para o diferente! Enxerguei minhas próprias dificuldades, que muitas vezes me paralisaram muito mais do que impediram a minha capacidade de locomoção, e recordei da dificuldade que tive em superá-las. Agradeci mais uma vez, pois conhecer o Samuel foi uma oportunidade única de reconhecer no ser humano a sua capacidade de transcender a dor e transformar todas as coisas em amor.
     Tudo isso me remeteu a uma frase que li a poucos dias: “Pessoas são como livros. Precisam ser lidas. Não pare nas capas. Há muitas riquezas escondidas em capas não atraentes.” (Padre Fábio de Melo)
     Foi ao contemplar o outro, que pude enxergar também os meus problemas e minhas vitórias diárias na luta pelo que definimos VIDA. O Samuel não coleciona troféus, mas um número incontável de superações, cujo prêmio não estampa estantes empoeiradas, mas traz alegria para inúmeros corações e, livros como esse, definitivamente, valem a pena serem lidos!

* Texto publicado na segunda edição da Revista - Vick Almeida Crianças, lançada no último dia 17/12/2012. Disponível no estúdio fotográfico Vick Almeida, na Marechal Floriano Peixoto, nº 922 - Santo Ângelo/RS. FOTOS: Vick Almeida (www.olhardavick.blogspot.com.br).


Agradeço com um carinho muito especial ao Rui, Rosane e Samuel, pela confiança, pelos ensinamentos de amor e pela doce presença no lançamento da Revista. Espero que tenham gostado! É difícil colocar em palavras o amor que vi em vocês! Que Deus os abençoe!

terça-feira, 27 de novembro de 2012

Escritos sobre fé... *

    Ainda me recordo do tempo em que adentrava em uma igreja e o coração apertava. Não compreendia muito bem a sensação, mas enquanto ainda não havia reencontrado a minha fé, o sentimento era o mesmo: de estar entrando na casa de um estranho, um completo desconhecido.
    Esse “desconhecido” aos poucos foi se aproximando, e eu passei a ter a impressão de que já o conhecia de algum lugar. Com a intimidade, passei a frequentar mais a sua casa, e a certeza de que Ele sempre esteve comigo foi crescendo cada vez mais... Até que O reconheci em muitas de minhas lembranças de quando era criança.
    Lembro perfeitamente de nossa primeira conversa. Foi quando eu tinha aproximadamente 2 anos e meio de idade – talvez essa seja a primeira de minhas lembranças concretas, inclusive. Fui presenteada com um filhote de pastor alemão, ainda muito pequeno, que foi atacado por uma cadelinha um tanto braba que tínhamos na época. Os ferimentos eram profundos. Fiquei preocupada e chorei bastante, até que eu e minha irmã o colocamos sobre uma mesa, dobramos os joelhos, e começamos a rezar! E essa recordação é um de meus tesouros mais preciosos. A impressão que tenho, e prefiro guardá-la assim, como um milagre, é de que, quando abri os olhos, ele estava completamente curado. Tanto que logo voltamos a brincar com ele.
    A fé age mais ou menos assim. Essa palavrinha pequena tem valor tão profundo que não há como descrevê-la! Dizem que ela pode até transportar montanhas. É como uma brisa suave, que não tocamos e tampouco vemos, podemos apenas sentir! Trata-se de um mistério que não cabe a nós compreender, ela não carece de cientificidade, apenas um coração aberto onde possa repousar.
    É uma decisão diária de seguir um caminho estreito, onde muitas vezes tropeçamos, nos desanimamos, mas, sobretudo, um caminho recompensado com a paz que vem do céu. Pode acontecer como uma Graça de Deus, que independe de nossos esforços, mas encontra passos seguros na prática de virtudes e preceitos preciosos! Mas como fazer desabrochar em nosso jardim flores que nos tragam a fragrância de Deus?
    A prática espiritual através da oração, meditação, contemplação ou devoção são o adubo desse solo que carregamos em nossos corações. As flores são os nossos pensamentos e palavras, atos e omissões. “Assim, toda árvore boa produz bons frutos; porém a árvore má produz frutos maus. Uma árvore boa não pode dar maus frutos; nem uma árvore má dar frutos bons.” (Mt. 7, 17-18)
Amor, bondade, inocência, simplicidade, humildade, confiança, alegria, compaixão, esforço, equanimidade, prudência, silêncio, misericórdia, verdade, perdão, são apenas algumas das flores que podemos cultivar, extirpando o mato do ódio, maldade, ignorância, arrogância, apego, tristeza, falsidade, infidelidade, ciúme, desconfiança, falta de atenção, impaciência, mentira e mágoa, para que o perfume de Deus possa se propagar e se fazer sentir em todas as nossas relações. Uma doce Senhora sempre me ajuda a cultivar minhas flores. Ela chama-se Maria, ou Nossa Senhora, cuja pureza sempre me inspira à cuidar de meu jardim com zelo e muito amor, afinal Seu Filho merece as mais belas flores. O exemplo de Maria de Nazaré é seguro caminho para a perfeição, com ela, certamente as flores hão de desabrochar em seu jardim. Basta querer, basta tentar!

Red Poppies at Argenteuil (Claude Monet)

* Texto publicado na coluna semanal de Kelly C. Meller, no Jornal O Mensageiro de 24 de novembro de 2012 (sábado).



segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Ainda sobre crianças... e alegrias!


Queria ter encontrado meus álbuns de fotografia de quando era criança antes de começar essas linhas, a fim de recordar um pouquinho o sabor da infância. Infelizmente, não foi possível. Não os encontrei! Mas ao olhar para o mural que existe na parede, sobre a mesa onde escrevo essas palavras, pude reviver muitas coisas que, além de sabor, trouxeram também o aroma, a doçura e todo o resto.
No mural, fotos de algumas das crianças que enfeitam a minha vida, uma foto em que eu tinha mais ou menos 4 anos de idade e outras fotos minhas, já adulta, um tanto infantis, acompanhada de amigas e família. Mas não compreendam pejorativamente a expressão. São fotos em que, mesmo adulta, me permiti ser criança. As fotos mostram uma pessoa em torno dos seus 27 anos, brincando, vestindo um chapéu engraçado, fantasiada, e até de olhas e bigodes de coelho, na última páscoa. Em todas elas, o melhor de mim: meu lado criança. As fotos traduzem uma alegria que gostaria de carregar sempre comigo e que todos deveríamos resgatar diariamente.
Pois as coisas infantis não são tolas. Pelo contrário! A graça infantil corresponde àquilo que é pouco complicado, que é puro e fácil. E nada mais sábio do que isso! Não é à toa que Jesus nos ensina que devemos nos tornar como crianças para entraremos no Reino dos Céus.
Mas confesso que hoje, especialmente, ficou mais fácil escrever sobre isso, pois no final de semana que passou convivi com uma criança encantadora, que me deixou com muita ternura no coração. Por isso é que, assim como o texto, a alegria parece fluir em sorrisos largos, só de recordar. Não tinha comprado nenhum presente, nenhum brinquedo para ela... Não precisou! Algumas tiaras com anteninhas que encontrei em casa foram suficientes para divertí-la por um bom tempo... Mas o que ela gostou mesmo foi de pegar estrelinhas no céu para que pudéssemos brilhar, assim como as estrelas! Assim ela iluminou também o meu coração!
Ainda não tenho filhos, mas curto e compartilho os filhos de pessoas que fazem parte da minha vida – para além do facebook. Eles me trazem FELICIDADE. Sobre isso comentava com uma amiga: crianças são sorrisos de Deus em meio ao mundo, e, por isso, nos fazem sorrir. Aliás, cuidado! Se o seu coração não afrouxa diante do sorriso ou olhar de uma criança, é porque ele anda com mais nós apertados e sufocantes do que laços suavemente carinhosos...
Minha amiga também mencionou comigo que certo dia ela percebeu pessoas no trânsito, que antes estavam bastante sisudas, sorrindo com as brincadeiras de sua filha na calçada. Tantas lições a aprender... Se deixássemos cada pessoa com quem convivemos com a alegria com que nos proporciona uma criança, com certeza a vida seria mais fácil, a rotina mais leve e os dias mais doces. Aliás, minhas amigas me deixaram assim no sábado, foi ótimo! Não precisamos nada além de uma pizza, um brinde, em casa, de pés descalços, atiradas sobre um sofá! Assim que esse anjinho com quem convivi esse final de semana foi pegando no sono, enquanto acariciava a minha orelha de um lado, e da mãe dela de outro!
A fotografia, de certo modo, nos permite esse mesmo resgate. Faz com que nos recordemos de nossas experiências, que revivamos momentos mas, sobretudo – quando nos colocamos a contemplar aquelas imagens já amareladas –, nos faz lembrar que todo ser humano já foi uma criança cheia de esperanças, e que sabia, como em nenhuma outra fase de sua vida, ser FELIZ.
O adulto de hoje, ocupado demais com seus compromissos, quando criança, já interrompeu o gostoso soninho da manhã só para ver o episódio do pica-pau na televisão. A mãe de família não coloca açúcar na mamadeira do filho por diversas razões, mas gostava mesmo de seu leite bem docinho e achocolatado, se possível. O padre já soltou pipa e a madre já brincou de amarelinha. A professora já aprontou das suas, já trocou papel de carta. Minha irmã, por exemplo, adorava ser co-pilota de um helicóptero imaginário que, em verdade, não passava de uma árvore de sinamomo. Eu colocava todos meus ursinhos para dormir, os cobria, mas não dormia abraçada com nenhum! Contudo não resistia... Sussurrava baixinho no ouvido do meu "favorito" que gostaria muito de dormir abraçadinha com ele, mas que não o faria pois os outros poderiam ficar sentidos! 
Reencontrar a nossa criança interior, permitir-se brincar, rir, manter-se puro pode auxiliar no caminho... Nos deixarmos cativar pela ingenuidade dos sorrisos e a inocência dos olhares desses pequeninos, que em tantos aspectos são imensamente maiores do que nós, adultos, também!
Ah... Obrigada Lu, Jú e Rafinha pela noite de sábado maravilhosa!