domingo, 19 de agosto de 2012

Da janela do meu quarto...

Quando eu era criança tinha o costume de sentar na janela do meu quarto com as pernas para fora. Minhas vizinhas mais velhas, em especial a Dona Antônia, ficavam malucas! Não era de se espantar, afinal, eu tinha em torno de 7 ou 8 anos e meu quarto ficava no segundo andar de um sobrado em um daqueles bairros onde toda criança deveria crescer.
Me lembro até hoje a sensação... Depois de algumas lições e corretivos, não voltei mais a sentar em janelas altas. Só o fazia se tivesse certeza de que não tinha ninguém olhando, pois havia se tornado algo proibido, e porque os 2 andares na infância viraram 7 na adolescência.
Hoje, depois de tanto fintar a janela, me permiti sentar sobre ela.Queria retomar, 20 anos depois, aquela mesma sensação: expirar a liberdade, daquela que vem de dentro e nos faz olhar mais longe, contemplar o horizonte e o infinito. Não pude sacudir os pés como eu gostava de fazer, pois a janela tinha telas, mas voltei a sentar em janelas! E não quero mais perder esse hábito, pois me faz um bem tremendo. Estou até pensando em trocar a cabeceira da minha cama por uma janela, em moldes artesanais, que tanto sucesso tem feito em projetos de decoração de ambientes, assim poderei também dormir na janela!
Brincadeiras à parte, é chegado o tempo de resgatar e reviver coisas antigas. Maravilha! O encontro com a sensação de infância me fez retomar outra coisa que me faz bem: escrever.
Desabafo com o papel como quem desabafa com um amigo de escuta silenciosa, e isso também me traz a mesma sensação de liberdade. Permite que eu mesma me escute. Em diálogos ou conversas, muitas vezes escutamos mais o outro do que nosso próprio coração. O outro sempre tem algo a dizer. E, dependendo de quem é o outro, você terá mesmo algo a aprender. Algo que você deveria escutar, e que o fará acordar para aquilo que está dentro de você. Acontece seguidamente comigo. Provavelmente porque ainda tenho muito a aprender. Todos temos. Mas todos precisamos, principalmente, conversar com o nosso coração. Escutar o que Ele tem a nos dizer.
Mas, voltando à janela, ou ainda andes dela, ao que me fez pegar o impulso para sobre ela me sentar. Foi algo que também não fazia há algum tempo: ler. Simplesmente pelo prazer da leitura. Algo leve, que me fizesse sorrir. O título era entusiasmante: "Nunca desista de seus sonhos", e o autor, Augusto Cury, já me havia sido recomendado por uma grande amiga, Paula, que, por sinal, é uma amiga de escuta silenciosa e muito amorosa, sempre!
O livro eu ganhei de presente recentemente, de outra grande amiga (esta de escuta um pouco mais falante, mas que amo bastante! rss), em um momento muito especial da minha vida, que foi a apresentação/defesa de minha dissertação de mestrado. 
A apresentação, apesar do nervosismo, transcorreu tranquilamente... O que não consigo esquecer foi a emblemática frase pronunciada por um dos examinadores da banca: "VOCÊ É UMA SONHADORA!" De cara me emocionei. O examinador não havia lido apenas as mais de 200 páginas de minha dissertação, ele havia ME LIDO, em um capítulo que eu mesma às vezes deixo esquecido: a capacidade de sonhar.
E o livro com o qual eu fui presenteada fala um pouco disso, e traz, em seu primeiro capítulo, aquele que ele chama de "O maior vendedor de sonhos de toda a história". Seu nome? Jesus!!! Confesso que não gostei muito de sua definição, mas a mensagem, ainda assim, de uma forma ou de outra, tocou o meu coração.
Nunca havia contemplado Jesus como um sonhador. Antes como um realizador, de grandes atos de amor e em prol do amor. Mas foram os seus atos, despidos de maldades e preconceitos, que permitiram que muitos de nós sonhassemos. Excluídos, oprimidos e aqueles que sofrem puderam e PODEM SONHAR, com dias melhores, com uma eternidade de felicidade e liberdade, através da conversão de seus corações para o BEM e para o AMOR ao próximo.
Foi a sociedade de consumo que nos impôs a idéia de que precisamos de muitas coisas para sermos felizes. A felicidade, diferente disso, é possível como muito pouco. É mais simples com pouco! Pode parecer fácil falar para quem aparentemente "tem tudo", mas não podemos esquecer que todos temos nossas misérias...
Noites escuram que abafam nossa capacidade de sonhar, de sermos felizes, como se a vida tivesse muitos fardos que não temos outra escolha a não ser CARREGAR! Nem sempre é fácil compreender o sofrimento, aceitar a nossa cruz, assim como fez Jesus, que, até a sua última gota de sangue, aceitou-a com coragem e amor por todos os seus irmãos. Mas isso não nos impede de sonhar e desejar que sejamos melhor em amor e também em nossas dores.
Ensinamento grandioso o de Cristo: "Porque, onde está o teu tesouro, aí estará também o teu coração." (Mt . 6,21). Sejamos ricos em amor, caridade, paz e bondade, mas sejamos também GRATOS por essa abastança. Eu sou grata à Deus por muitas coisas, mas, hoje, sou especialmente grata pelas janelas e pela capacidade de sonhar!
Uma boa semana para todos!
Lu

2 comentários:

  1. Que lindo Lu... vindo de você não poderia ser diferente... texto emocionante... parabéns amiga por esta capacidade de se expressar. Liana

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    1. Obrigada amiga! Vocês são suspeitas pois sempre foram muito corujas! rsss Mas se te emocionou, valeu a pena abrir o coração! Beijos

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